ANTÔNIO INÁCIO DE OLIVEIRA FARRAPO LAGEANO

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

ANTÔNIO INÁCIO DE OLIVEIRA FARRAPO LAGEANO

Felipe Reis
Historiador, Professor Especialista em História do Brasil: Economia e Sociedade

A Revolução Farroupilha, peja na aplicação da doutrina liberal e seu antagonismo com a democracia e a autocracia, colocando os farrapos como continuadores dos princípios da Assembléia Constituinte de 1823.
A insurreição aguerrida marcial da confraria oligárquica do Rio Grande do Sul contra o governo imperial, que ficou popular em nossos vade-mecum como Revolução Farroupilha, foi uma reação da casta dirigente da elite de grandes latifundiários gaúchos, com o objetivo de defender seus privilégios, ameaçados pelo governo central do Rio de Janeiro.
A revolução, deflagrada em 1835 e encerrada em 1845, dez anos depois, com o acordo de Bento Gonçalves, com Rio Branco, que agregava as patentes dos oficiais da milícia, a oficiais do exército imperial; o que demonstrou claramente que os fazendeiros do Rio Grande do Sul já eram, no início do século XIX, uma corporação suficientemente coesa e pujante para enfrentar o governo imperial.
Com o passar do tempo, a lembrança da chamada Revolução Farroupilha foi sendo aproveitada, pelas sucessivas coligações políticas e nos mais variados momentos, como um contexto ideológico na defesa de seus interesses. De modo que a realidade e/ou fato histórico ficou muitas vezes encoberto.
Na proposição de uma discussão historiográfica, trazemos à tona um esquecido da história dos farrapos, Antônio Inácio de Oliveira, um lageano líder do levante de insurrectos farroupilhas, no Planalto da Serra Catarinense, sob o comando de Teixeira Nunes. Tão pouco comentado pela história, acabamos por ter contato com este personagem real da história do Termo de Lages e suas adjacências/limítrofes, quando nos deparamos com documentações que expunham a presença deste revolucionário na Freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio de Baguáes – Campo Belo do Sul.
Fato inusitado no momento em que pesquisávamos documentos inéditos sobre o período imperial brasileiro e escravidão em finais do século XIX na região, quando encontramos documentos que fazem menção a este cidadão lageano sob o comando de Teixeira Nunes. Onde este segundo documento estaria responsável pela escolta e passagem de algumas pessoas vindas da Laguna e, fariam à travessia do Rio Pelotas; a travessia deveria ser feita pelo caminho de mais curta duração de caminhada, facilitando este comando, pelo bom contato que o maçom Antônio Inácio de Oliveira, possuía com fazendeiros da Freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio de Baguáes.
Coincidentemente ou/não, a Freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio de Baguáes, hoje município de Campo Belo do Sul, foi chamada de Antônio Inácio em um período posterior, em homenagem a este lageano. Em atividade de pesquisa campal no cemitério local da Freguesia Bagualense, cemitério que data de fins do século XVIII, em levantamento arquitetônico iconográfico cemiterial, como intitulamos esta melindrosa atividade, descobrindo entre outras coisas um túmulo confeccionado pelo artista plástico mundialmente conhecido, mas esquecido no Brasil, Agostinho Mallinverno e assinado pelo próprio, também um túmulo antigo onde apenas existe a iconografia de um ramo de acácia em seu epitáfio, um possível indício de ser este um maçom, ali sepultado.
O questionamento é porque um túmulo sem qualquer outra identificação pessoal? E porque Antônio Inácio de Oliveira foi esquecido com o desenrolar da história que permeia os farrapos? Mistérios que talvez nunca sejam desvelados, mas que fazem parte do imaginário e das fontes primárias desta história ainda por se fazer de Lages e circunvizinhanças.

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