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LENDA DO BOI DE BOTAS

Boi de Botas: Por razões históricas, os lageanos receberam a alcunha de “Boi de Botas”. Durante a Guerra Farroupilha, uma das maiores epopéias da história do Brasil, forças rebeldes aqui proclamaram a República, que acabou tendo uma vida efêmera. O idealismo da luta farrapa que durou 10 anos, e a valentia dos heróis anônimos, marcaram uma importante página na história de Lages. Em 1839, aqui formaram um pelotão de Cavalaria, que seguiu serra a baixo, para o combate que objetivava a tomada de Laguna. Ao lado dos farrapos, lutaram Giuseppe e Anita Garibaldi. Em pleno combate, os canhões e carroções puxados por bois, atolaram na lama e foram retirados a força pela comitiva lageana, o que provocou o comentário do Comandante David Canabarro ao Coronel Serafim de Moura, que chefiava a expedição: “Seus soldados se portaram com tal bravura e força, como se fossem verdadeiros Bois de Botas”. Em vista do civismo e bravura que o originou, “Boi de Botas” é sinônimo de heroísmo, de que se orgulham todos os lageanos.

A LENDA DA GRALHA AZUL

Lenda da Gralha Azul: Há muito tempo atrás, nos campos de Lages, levava-se uma vida tranquila e pacata. Só as festas, quermesses, casamentos ou pixuruns quebravam a sua monotonia. Admiradores respeitosos de suas coisas, os serranos se surpreendiam vendo surgir onde menos se esperava, novos grupos de pinheiros, e por mais que o fizessem, não conseguiam explicação para o fato.Conta-se que num certo tempo, esta gente serrana foi surpreendida por uma forte trovoada Em meio à correria e gritos, recolheram as criações e se abrigaram em suas casas junto ao fogo de chão. Um dos moradores atreveu-se a olhar a tempestade, desrespeitando as crendices populares que dizia ser perigoso olhar a tempestade. Ele viu uma cena jamais vista. Ele conta que no meio da tempestade uma avezinha – a gralha-azul – estava tentando se abrigar da tempestade, e um dos pinheiros gigantescos estirou os seus galhos como braços e acolheu a pobre avezinha. O morador foi correr para chamar o povo para ver, mas um clarão o surpreendeu e disse a ele que era para ele contar a todos o que tinha visto e tomar por exemplo.Maravilhado o morador passou a explicar às pessoas que era a gralha a responsável pelo aparecimento de tantos pinheiros. Ela enterrava o pinhão para se alimentar no inverno, e esquecendo do lugar onde escondera, ela buscava outros, deixando na terra a semente de novos pinheiros. Fora, portanto, um gesto de gratidão que o pinheiro se envergava para proteger a pobre avezinha. A partir daquele dia todos souberam o porquê dos pinheiros surgirem sem que alguém os plantassem.

LENDA DA SERPENTE DO TANQUE

Lenda da Serpente do Tanque: Nas segundas-feiras, no tanque, as lavadeiras debruçadas por sobre as tábuas, a torcer as roupas dos senhores coronéis e suas famílias, trabalhavam enquanto batiam aquele papo gostoso do dia-a-dia. Em meio a estes papos, as histórias iam sendo contadas e a lenda do tanque se repetia no palavreado simples das mulheres que ali lavavam suas roupas. A história contada era de que uma mãe solteira, para encobrir o fruto de sua vergonha, jogara a criança naquele tanque onde estavam a labutar. Estranhamente, todavia, a criança não morrera, mas se transformara numa cobra.Contavam elas que a cabeça da cobra permanecera ali no tanque e a cauda se encontrava no rio Carahá, estendida em todo o seu percurso. Nossa Senhora, a padroeira de Lages, ciente do hediondo crime praticado pela desnaturada mãe, prendia com os pés a cabeça da moderna hidra ao berço úmido da desgraça mítica, procurando assim evitar que a criança, transmutada em monstro, se revelasse ao mundo. No dia em que a Santa abandonasse esse propósito, a cidade seria totalmente tomada pelas águas, escapando somente a enchente, à cacimba da Santa Cruz. Diversas vezes notou-se verídica a previsão, pois, quando era tirada a imagem da Santa de seu altar, na Catedral, mesmo em procissões, começava a chover torrencialmente, parecendo que o mundo iria se desfazer em água. Porém, bastava retornar a imagem da Santa ao seu altar, que, o sol voltava a brilhar, afastando-se assim a promessa do cumprimento do trágico cataclisma.O relato das mulheres lavadeiras se espalhou por toda a cidade e o medo se apossou de todos, vindo assim a fazer com que as mulheres nunca comparecessem sozinhas ao tanque, sempre iam acompanhadas ou em grupos. Ninguém se atrevia a passar a noite naquele ermo, porque, ao lado do coaxar dos sapos, ouvia-se plangente e lúgubre, o grito de um ser perdido em angústia e desesperança.

LENDA DO LADRÃO DE CINCERRO

Ladrão de Cincerro: Sendo Lages, passagem e parada obrigatória de tropeiros e viajantes que levavam tropas de animais para Sorocaba – SP, onde eram vendidos numa feira, e tinham por costume acampar no local onde hoje existe a Igreja de Santa Cruz e a Cacimba. Acampavam e soltavam os animais para pastarem. A rapaziada da Vila, muito brincalhões (característico do lageano até hoje), à noite roubavam os cincerros ou colocavam palha de milho dentro dos mesmos, evitando assim que o tropeiro escutasse o barulho. Muitas vezes os tropeiros pela manhã ao tentar reunir a tropa para seguir viagem, não conseguiam localizar os animais, pois não escutavam o som dos cincerros. Enquanto a rapaziada lageana escondida, davam grossas gargalhadas, atrás das moitas. Assim levaram a alcunha de Ladrão de Cincerro.