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Lages Histórica

Antônio Correa Pinto – Capitão-mor Regente e Fundador de Lages – I

Em 22 de Novembro de 1766 Antonio Correa Pinto chega aos campos de Lages com a incumbência formal de iniciar uma póvoa que em 22/05/1771 seria elevada a Vila.

      Comemorando o aniversário de 247 anos desta efeméride iniciamos hoje a postagem de uma série de artigos com informações biográficas e genealógicas sobre o Capitão Mor fundador da Vila de Lages e seus familiares.

Antônio Correa Pinto ( de Macedo) – Capitão-mor Regente e Fundador de Lages

Biografia e História Familiar – Parte I.

       Antônio Correa Pinto nasceu aos 12/06/1719 em São Tomé da Correlhã, Termo da Vila de Ponte de Lima, Arcebispado Braga, Portugal, onde foi batizado no dia 17/06/1719. Filho legítimo de Luiz Correa Pinto natural da Freguesia de Faldejães, Arcozelo, Ponte de Lima, Viana do Castelo, Arcebispado de Braga, Portugal e de Antônia de Souza de Macedo natural da Freguesia de Eiras, termo da Vila de Arcos de Valdevez, Arcebispado Braga, Portugal.  Neto paterno de Manoel Antunes e Antonia Correia e por esta bisneto do Padre Belchior Correia e de Maria Pereira. Neto materno do Padre Antonio de Macedo e de Maria Fernandes. [1]

A família de  Luiz Correa Pinto e Antônia de Souza de Macedoinicialmente viveu em São Tomé da Correlhã e posteriormente mudou  para Santa Marinha de Arcozelo, Ponte de Lima, Arcebispado Braga, Portugal.

Por volta do ano de 1733 Antonio Correa Pinto, contando cerca de 13 anos de idade, partiu de São Thomé da Correlhã onde nasceu, indo para Cidade de Lisboa e dali para a cidade do Rio de Janeiro no Brasil onde viveu em companhia de um tio durante 10 a 12 meses, residindo na Rua dos Pescadores, Freguesia da Candelária.

Com 14 anos, aproximadamente, saiu do Rio de Janeiro e foi viver em Minas Gerais, na companhia de Francisco da Motta “negociante de ouro e prata”, onde permaneceu por cerca de 4 anos (1734 a 1737) andando “em cobranças” e deslocando-se de uma parte para outra sem permanecer em nenhuma freguesia por um tempo maior do que 6 meses.

Em torno de 1738, pelos 19 anos de idade, dirigiu-se a São Paulo e dali partiu para a Vila de Santos, São Paulo, lá permanecendo apenas 3 meses, e de onde “embarcou” para “as Campanhas do Rio Grande de São Pedro” para onde teria ido na companhia de Carlos Gonçalves.

Durante os 18 anos seguintes, aproximadamente entre 1738 e 1759, Antonio Correa Pinto viveu na Freguesia de Rio Grande de São Pedro de onde fez 3 viagens até São Paulo para tratar de seus “negócios de tropas” não tendo se demorado por mais de que 6 meses em cada viagem. Também neste período andou durante 2 anos “pelas “Indias de Espanha”,  tratando de seus “negócios de animais” e sem permanecer em freguesia alguma “por serem campinas e terras de Gentio”.

No Rio Grande de São Pedro, entre os anos de 1747 a 1750, o paulistano Bento Correa, exercendo atividade de “cocheiro”,  trabalhara para Antonio Correa Pinto.  Luis Lopes Coutinho, carioca, cantor, declarou que por volta de1751 reencontrou Antonio Correa Pinto no Rio Grande e que este lá estava estabelecido com negocio de “Loja”. Por depoimento do açoriano Jose de Souza, capataz de tropa, sabe-se que por algum tempo Antonio Correia Pinto também residiu (foi assistente) na Vila de Laguna, Santa Catarina, sem ter declarado datas precisas.
A mais antiga referência – que logramos localizar até o presente – da presença de Antonio Correia Pinto (então já conhecido como sertanista) na região dos Campos de Lages é atestada em 1748 quando foi testemunha do termo de divisão da Vila do Rio Grande com a comarca de Curitiba “pela Fazenda velha do defunto Carvalho nos sobreditos campos das Lages” [2]. Em 1766, antes mesmo do início da póvoa em Lages, o Capitão-mor já possuía uma fazenda, com 3 pessoas, em Vacaria e uma fazenda, com 10 pessoas, em Lages.
A maior parte das informações biográficas de Antonio Correa Pinto desde seu nascimento em 1719 até o casamento com Maria Benta de Oliveira em 1759 vem narrada pelo próprio Correa Pinto em depoimento que prestou no seu “Processo de Dispensa Matrimonial, Autos de Justificacao de Menor Idade e Estado Livre de Antonio Correa Pinto”, autuado em 09/07/1759 pela Camara Episcopal de Sao Paulo, cujas declarações foram, à época, corroboradas e complementadas pelo depoimento de 5 testemunhas como abaixo transcrevemos:

Depoimento de Antonio Correa Pinto em 09/07/1759 (fls 20 a 21):

“Antonio Correa Pinto depoente que vive de seus bens, tendo jurado aos Santos Evangelhos, declarou que se chamava Antonio Correa Pinto e que era filho de Luiz Correa Pinto e de sua mulher Antonia de Souza Macedo, e que era natural e fora batizado na freguezia de São Thome de Correlhan , Arcebispado de Braga, e que de idade tinha trinta e cinco para trinta e seis anos, e que sendo de treze annos sahira de sua terra para esta America , em a qual assiste ha vinte e dous annos, e que da Sua Patria viera para a Cidade de Lisboa, e de Lisboa para o Rio de Janeiro onde assistio hum anno pouco mais ou menos , ou dez meses na freguezia da Candelária, e daqui foi para as Minas Gerais na qual andou em Cobranças de huma parte para outra Sem fazer assistencia em freguezia alguma por tempo de seis meses, e nela gastou quatro anos pouco mais ou menos, das quays veio para esta Cydade e desta se passou para a Vila de Santos na qual assistiria tres meses pouco mais ou menos e della de Se embarcara para as Campanhas do Rio Grande de Sao Pedro onde assiste a dezoito anos pouco mais ou menos e nesta freguezia tem tido a maior assistencia, e que desta povoacáo fizera tres viagens a esta Cidade tratando de seus negócios de tropas sem fazer dimora que passe seis meses fora desta Cidade , e que também andara pelas Indias de Espanha dous annos a tratar de seus negocios de animais sem fazer assintencia em freguezia alguma por serem campinas e terras de Gentio, e que o seu estado é de solteiro , livre e desimpedido e nem tinha feito votos de Castidade ou de Religiao , nem tinha outro algum impedimento que lhe impedese o casarse com a Sobredita , nem sabe que ella o tenha, e que de seu tinha trinta mil cruzados  cobradas as suas dividas, e de legitima de seus Paes nada espera por que Sede de tudo o que lhe pertencer, e mais não depos, e Se assignou depois de ser lido o seu Juramento e de declarar como elle Depoente tinha deposto com elle dito Muito Reverendo Senhor, eu Jose Antonio da Silva  Escrivao da Camara Episcopal o escrevi”.

Constam as assinaturas: Antonio Correa Pinto , Vaz.
Testemunha1 (fls 21v a 22): Antonio Jose de Araujo – “Antonio Jose de Araujo natural de Santa Marinha Termo de Ponte de Lima Arcebisbado de Braga que vive de Andar (sic) no Caminho de Santos, de idade que disse ser de trinta e dous anos, tendo jurado aos Santos Evangelhos disse que o Conhesse  tao somente desta Cidade a Seis meses e para esta ouviu dizer viera do Rio Grande, e tao bem ouviu dizer a ele justificante que ele viera para esta America de poucos anos sendo ainda rapaz, e ouviu dizer a Domingos Fernandes que o justificante era de Ponte de Lima, e ao mesmo justificante também ouviu dizer que era solteiro , livre e desimpedido, e mais náo disse nem do  Costume e Se assinou depois de lido o seu Juramento (…)”.

Testemunha 2 (fls 22): Bento Correa – “Bento Correa natural da Villa de Guaratingueta homem solteiro e morador no Arraial dos Carijos das Minas Gerais e agora de passagem nesta cidade que vive de “handes”(sic) com tropas, de idade que disse ser de vinte e sete annos incompletos , tendo Jurado aos Santos Evangelhos declarou que conhecia o justificante a honze anos pouco mais ou menos por ter sido seu Couxeyro (sic) quatro anos em o Rio Grande de São Pedro, em cuja povoação he solteiro livre e desimpedido e por Carta que viu da terra do justificante dos seus parentes dos quaes colheu nao ter impedimentos na sua terra, e ouviu dizer a Francisco da Motta que o justificante seria de poucos annos fora com elle [ ….] ouro e Prata e fora com Carlos Gonçalves para o Rio Grande em o qual andou sempre “daqui para ali”, hindo aos Castelhanos em cujas viagem gastaria dous anos, e tem andado por povoado hindo ao Rio de Janeiro e a esta Cidade , e que a maior assistencia tem sido  no Rio Grande e nunca ouviu dizer que tivesse impedimento e mais nao disse nem do Costume e se Asignou depois de lhe ser lido o seu Juramento (…)”.
Testemunha 3 (fls 22 a 22v) : Domingos Fernandes Lima – “Domingos Fernandes Lima natural da Freguezia de Santa Maria da Castrasam (sic), Arcebispado de Braga, casado, e morador nesta Cidade, que vive de seu negocio de Loja, de idade que disse ser de vinte e seis anos, tendo jurado aos Santos Evangelho declarou que haveráo tres ou quatro annos que o conhece desta Cidade e tem ouvido dizer a varias pessoas que elle hé natural da Villa de Ponte de Lima, Freguezia da Corelhan, e que tera de idade trinta e cinco ou trinta e seis anos, e ouviu dizer a Francisco Soares assistente na Cidade do Rio de Janeiro que dizia ser Primo (sic) do justificante , que ele viera para esta America ainda pequeno, e que nela assiste segundo o que tem ouvido a varios que o tem conhecido que nesta America assiste a vinte e dous anos sendo a maior assistencia no Rio Grande de Sao Pedro e “andado de La para aqui” e outras partes com seu negocio de topas, e fazenda, e que sempre ouviu dizer que era solteiro livre e desimpedido e que nao tinha impedimento para nao se poder cazar, e mais nao disse (…)”.

Testemunha 4 (fls 22 v): Luis Lopes Coutinho – Aos 13/07/1759 , Cidade de Sao Paulo, na Residencia do Vigario Geral, Juiz de Casamentos. “Luis Lopes Coutinho, natural da Cidade do Rio de Janeiro, homem solteiro, morador por hora nesta Cidade, que vive de “Cantar” (sic) de idade que disse ser de trinta e seis anos, tendo jurado aos Santos Evangelhos, declarou que haveraó vinte anos pouco mais ou menos que…[uma linha ilegivel] que conheceo ao justificante na Cidade do Rio de Janeiro sendo elle testemunha estudante e que neste tempo mostrava ter elle o justificante ter de idade treze annos pouco mais ou menos e assistir em casa de um seu tio morador na Rua dos Pescadores que o governava, o que sabe pelo ver, e conhecer o justificante pela razao de muitas vezes ir a caza de um Cabeleyreiro que morava de fonte da Porta do mesmo Justificante, e haveráo oito anos mais ou menos hindo elle testemunha ao Rio Grande la achou ao justificante com sua Loja na qual freguezia se nao faltava que o Justificante tivesse impedimento, antes sempre se tractou por solteiro livre e desimpedido , de cuja freguezia saiu o justificante ficando ainda nella elle testemunha, e pela Paschoa passada o achou elle testemunha nesta Cidade, e nao sabia mais porque terras havia andado, mas sabe pelo que tem deposto e por ver huma carta dos pais do Justificante e por conversas que com elle tem tido que he solteiro tanto em Portugal quanto nesta Aamerica e mais nao disse (…)”.

Testemunha 5 ( fls 22v): Jose de Souza – “Joze de Souza homem cazado nesta idade onde he morador e vive de seu trabalho sendo Capataz de uma Tropa e natural da Ilha de São Miguel , Freguezia de São Jose de idade que disse ser de quarenta e cinco anos mais ou menos , tendo jurado aos Santos Evangelhos disse que a vinte hum ou vinte e dous annos conheceu ao justificante na Cidade do Rio de Janeiro assistente em caza de um tio e ha para cima de dezoito que o conheceu no Rio Grande , e nos Campos, e que lhe parece que agora terá trinta e cinco anos  mais ou menos e que […uma linha ilegivel] solteiro livre e desimpedido , e que tambem o conhecera assistente na Laguna por algum tempo do qual nao esta certo e nao sabe por que mais terras tenha andado mas que por o Justificante tratar de Tropas , de seu negocio presume que ha de ter andado por mais terras  sendo a maior assistencia no Rio Grande o que tudo sabe por razao do Conhecimento que tem dele, e mais nao disse e nem do costume (…)”.

Nos Autos de Casamento de Antonio Correa Pinto e Maria Benta de Oliveira protocolado em 17/07/1759 na Camara Episcopal, Cidade de São Paulo, os contrahentes apresentaram Certidão com Despacho do Reverendo Senhor Doutor Vigario Geral e Juis de Casamentos e outras Certidoes (Banhos dos quais nao resultaram impedimento algum), requerem e obtém Provizão de Licença para casar.

Contraentes: Antonio Correa Pinto natural e batizado na Matriz de São Thome de Corrilham (sic) termo da Vila de Ponte de Lima, Arcebispado de Braga, filho legitimo de Luis Correa Pinto e de sua mulher Antonia de Souza de Macedo moradores de Santa Marinha de Arcuzello (sic) da dita Vila de Ponte de Lima, Com Maria Benta de Oliveira filha legitima de Balthazar Rodrigues Fam, já defunto e de Izabel da Rocha do Canto moradores da  Vila de Santana de Parnaiba, e o contrahente assistente na Cidade de São Paulo.

Os noivos foram “denunciados” em 3 missas na Sé de São Paulo sem que houvessem impedimentos. Também determinou-se “Caução aos Banhos” no valor de 40 mil Reis, sendo 20 mil Reis por cada Certidão a ser apresentada pelo Contraente: em até 8 meses (Certidão da Freguesia da Candelaria do Rio de Janeiro)  e em até 2 anos e meio (Certidão da Freguesia de Rio Grande de São Pedro);  e ainda mais uma caução de 400 mil reis para cobertura de eventuais danos de terceiros. As fls. 7 conta exposição de Antonio Correa Pinto onde faz constar que em relação ao valor estipulado para os banhos no Rio de Janeiro e Rio Grande “o que o Sup.te he penozo assim satesfazer”, e como tem fiador suficiente para segurança destas caucões “lhe nao admite”. E assim requereu que lhe tomassem  fiança, apresentando fiador, que foi aceito, na pessoa de Antonio de Freitas Branco[2]   [3], morador na Cidade de São Paulo. (fls 8 a 9).  As fls 14 e 15 foram juntadas Certidão de Banhos da Freguezia de Rio Grande de São Pedro (em que foram denunciados em 3 dias festivos  sem apresentar impedimentos, datada de 11/03/1760) e Certidão de Banhos do Rio de Janeiro (em que foram denunciados em 3 dias festivos nas paróquias Igreja da Sé Catedral, Nossa Senhora da Candelaria, São Jose e Santa Rita, sem apresentar impedimentos, datada de 11/04/1760).

Antonio Correa Pinto (sic) casou em 26/07/1759 em Santana da Parnaiba, Província de São Paulo, com Maria Benta de Oliveira nascida em Santana da Parnaiba onde foi batizada em 28/03/1743 (fls 147v) [4] filha do Alferes Balthazar Rodriques Fam (o moço) nascido em Sampaio de Fão, Espozende, Portugal e de sua mulher Izabel da Rocha do Canto natural de Santana de Parnaiba, São Paulo, neta paterna de Balthazar Rodrigues Fam (o Velho) e de Maria Francisca Bento, neta materna de Pedro da Rocha do Canto natural de São Gens, Arcebispado de Braga, Portugal, e de sua mulher Archangela de Oliveira natural de Santana da Parnaiba.

Transcrevemos a seguir o assento de casamento de Antonio Correa Pinto e Maria Benta de Souza (fls 9 a 9v) [5]:
“Antonio Correa Pinto//

Com Maria Benta//

                         Aos vinte e Seis dias do mes de julho de mil Sette cen//

tos cincoenta e nove annos nesta Igreja Matriz de Santa Anna da Villa//

da Parnahiba, pelas nove horas da manhã pouco mais, ou menos precedi-//

da provisam do Reverendo Senhor Doutor Vigario geral,  Se recebeu //

por palavras  de presente em minha presença na forma do Sagra//

do Concil. (sic) Trident. ,(sic)  e Constit., Antonio Correa Pinto, natural e bau-//

tizado na Matriz da Freguezia de Santo Thome de Corrilam, termo //

da Villa de Ponte de Lima, e Arcebispado de Braga, filho legitimo //

de Luis Correa Pinto natural, e bautizado na Freguesia de Fal //

de Gens do ditto Arcebispado de Braga, e de Antonia de Souza//

de Macedo, natural, e bautizada na Freguezia de Eyras, termo //

da Villa dos Arcos do mesmo Bispado, netto paterno de Ma//

noel Antunes, cuja naturalidade náo soube dizer, o ditto Co-(sic)//

trahente, como també (sic) dos nomes Sobre nomes , e naturalida//

des, de Sua avô paterna, e dos maternos por vir da Sua //

Patria de menor idade, como justificou, e Maria Ben-//

ta de Oliveira, natural, e bautizada nesta freguezia da//

Pernaiba (sic), filha Legitima de Balthazar Rodrigues Fam//

natural, e bautizado em freguezia de Sam Pays , Arce//

bispado de Braga , e de Izabel da Rocha do Canto, natural//

e bautizada nesta freguezia de Parnahiba, netta paterna//

de Balthazar Rodrigues, e de Sua mulher Maria benta, ambos//

naturaes, e bautizados na freguesia de Sam Payo de Fam do dito Ar//

cebispado, e netta materna de Pedro da Rocha do Canto , natural, e //

bautizadoem a freguezia de Sam Gens do mesmo Arcebispado, e de Ar//

cangela de Oliveyra, natural, e bautizada nesta freguezia, onde he//

moradora a Contrahente, e o Contrahente da Cidade de Sam Paulo,//

e ambos os contrahentes Se receberáo com licença minha e nao em //

minha prezença, mas na prezença do Muyto Reverendo Doutor Vi//

gario geral Manoel Joze Vaz, o Muyto Reverendo Doutor Arcipres-//

te Paulo de Souza Rocha, Thomazia da Rocha Souza, mulher de //

Manoel Mendes da Costa da freguezia da Sé da Cidade de Sam Pau-//

lo, e Anna Rodrigues de Oliveyra, mulher de Lourenço Cardozo de Mel//

Lo desta freguezia. E logo no mesmo dia, mes, e anno atras declara//

do administrou o Sobredito Reverendo Padre aos dittos Conthaentes//

as bençoens nupciaes, que a Igreja determina, de que faço este Assen//

to, em que me assigno com as duas testemunhas abayxo assinadas. Dia//

mes, e anno, ut Supra, e o ditto Reverendo Padre Joseppe de Abreu (sic) //

                                                            O Vigr.o  Manoel Mendes de Almeyda”.

Constam as assinaturas de: Paulo de Souza Rocha, Manoel Joseph Vaz,

e de Polycarpo Manoel Nogr.a.

Do casal Antonio Correa Pinto e Maria Benta de Oliveira não houve descendência.

O Capitão-mor Regente Antonio Correa Pinto faleceu em 28/09/1783 na Vila de Lages. Foi conduzido solenemente de sua casa até a “Igreja Matriz da Senhora dos Prazeres de Lages” onde foi sepultado em 29/09/1783 “acima do arco ao pé dos degraus do Presibiterio”.  Deixou testamento lavrado em Lages aos 07/08/1783 (LO1, fls 16V a 17v), no qual declara sua naturalidade,  filiação,  estado civil e não possuir filhos; professa a fé Católica Romana; dispõe suasúltimas vontades em relação a seu funeral; deixa sua mulher por herdeira e testamenteira enquanto a mesma não voltasse a se casar. Em seu testamento determinou que caso a esposa casasse novamente ( o que veio a ocorrer) a parte que coubesse a ele, Correa Pinto, seria herdada pelas irmãs do mesmo, a saber: Maria de Souza e Thereza de Souza (moradoras na freguesia de Santa Maria de Geral de Lima) e por falecimento de alguma delas a parte que tocasse a cada uma ficaria pertencendo em igual parte aos seus respectivos filhos. Caso a esposa não casasse novamente poderia usufruir livremente do total dos bens do casal e só por sua morte é que se faria a repartição dos bens na forma referida. Dentre os seus bens, Correia Pinto declarou possuir duas fazendas (não cita os nomes nem onde se localizavam), gado vacum e cavalar, e escravatura, assim como possuir débitos e créditos constantes nos livros próprios de controle dos mesmos. Da parte que lhe tocava dos bens de seu casal o Capitão Mor Regente deixou liberta a escrava Adriana mulata, filha da escrava Rita. Para seu sobrinho Antonio Jose de Miranda que com ele viveu algum tempo em Lages o Capitao Mor deixou 100 éguas para auxiliar nos primeiros tempos em que seu sobrinho estivesse se estabelendo como criador na Vila de Lages. Nomeou seus procuradores, para cumprimento do que determinasse sua testamenteira, em Lages : Jose Pereira Crasto e Bento Manoel de Almeida Paes, e  na cidade de São Paulo: Capitão Manoel Antonio de Araujo,  Sargento Mor Antonio Rodrigues de Oliveira, e Jeronimo Martins Fernandes.
O Ajudante Antônio José de Miranda  nasceu em cerca de 1754 em Santa Marinha de Moreira do Gerais de Lima (Viana do Castelo), Portugal. Era filho de Manoel de Miranda e de  Ignês de Sousa, (irmã de Antonio Correa Pinto).  Casou aos 15/10/1782 em Santana de Parnaiba com Gertrudes Maria de Mello  filha de  Lourenço Cardoso de Mello natural de Angra, e de sua mulher Anna Rodrigues de Oliveira natural de Santana de Parnaiba onde casaram em 1757. Gertrudes Maria era neta paterna de Vicente Cardoso da Costa e de Maria do Desterro, de Angra, e neta materna do alferes Balthazar Rodrigues Fam e de Izabel da Rocha do Canto, e por estes sobrinha de Antonio Correa Pinto e sua mulher Maria Benta de Souza. Por volta de 1820 Antônio José de Miranda ainda era vivo e residia em Santana de Parnaíba.Antônio José  e Gertrudes Maria tiveram ao menos a filha Ignez Maria de Oliveira  natural de Santana de Parnaíba onde aos 06/11/1811 casou com o Capitão-mor Manoel da Cruz Correa da Silva filho do Capitão Jose Mauricio da Silva e de Maria De Nazareth também de Santana de Parnaíba.

[1]  Dados gentilmente fornecidos pelo Genealogista Elpidio Novaes Filho.

[2] Martins, Romário, Lages, Histórico de sua fundação, até 1821. Documentos e Argumentos, Curitiba, Typ. da Livraria Economica. Annibal Rocha & C. 1910.

[3] Antônio de Freitas Branco constou da Relacão do Número de Pessoas que há no Distrito de Cima da Serra, Vacaria e Lages, elaborada por Pedro da Silva Chaves em 1766, como sendo proprietário de uma fazenda, nos Campos de Cima da Serra, onde viviam 10 pessoas.

[4] Brasil, São Paulo, Registros da Igreja Católica, 1640-2012,” images, FamilySearch (https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-1-16050-54664-65?cc=2177299&wc=M97B-12X:n1404711860 : accessed 20 Jun 2013), São Paulo > Arquidiocese de São Paulo, Parte B > Dispensas matrimoniais 1759 vol 469 > image 4 of 125.

[5] “Brasil, São Paulo, Registros da Igreja Católica, 1640-2012,” images, FamilySearch (https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-1-14863-93468-6?cc=2177299&wc=M97B-YNK:n1495274279 : accessed 21 Nov 2013), Santana de Parnaíba > Santa Ana > Matrimônios 1759, Jun-1790, Fev > image 9 of 201.

Postado por Tânia Arruda Kotchergenko às quinta-feira, novembro 21, 2013 2 comentários: Links para esta postagem

Marcadores: Antonio Correa Pinto (de Macedo)

PRIMEIROS HABITANTES

Data do início do século XVIII a chegada dos primeiros europeus que se fixaram no município. O povoamento dos “Campos de Lajens” decorreu da necessidade de abrir caminhos para atingir as Campinas do Rio Grande do Sul, ricas em gado, o que despertava nos paulistas e mineiros a ambição de estabelecer intenso comércio com os estancieiros riograndenses. Os documentos primitivos mencionam a paragem chamada “Lajens”, um pouso de tropeiros que viajavam para São Paulo ou Sorocaba (conhecida desde 1661), levando mulas, cavalos e bovinos. Correia Pinto, fundador do povoado, era tropeiro, e conduzia tropas de bois de Lajes para São Paulo. Os tropeiros primitivos, mesmo os residentes no povoado, não eram lageanos, mas na sua maioria, portugueses e açorianos. Somente mais tarde foi que tropeiros, já nascidos em Lajes, exerceram esta tradicional profissão. Lages foi fundada em 22 de novembro de 1766. Em 1820, a vila é desanexada da província de São Paulo para fazer parte de Santa Catarina. Em 25 de maio de 1860 é elevada à categoria de cidade. Em 1960, ficou estabelecida o topônimo de Lages com “G”. (Aliás, impróprio segundo o nosso léxico). Economicamente Lages ficou conhecida inicialmente pelas suas tradições na pecuária. Seus primeiros ciclos econômicos, no princípio do século, foram os do couro, da carne e da erva-mate. Hoje ainda o município tem o maior rebanho bovino do Estado, com cerca de 76.000 cabeças.O ciclo econômico que se seguiu foi o da madeira, cujo auge ocorreu entre 1950 e 1960.

LAGES

HISTÓRIA
A região de Lages SC era conhecida como a continuação dos famosos campos das Vacarias, onde existia enorme quantidade de gado Vacum Selvagem, oriundos das missões guaraníticas. Os chamados Campos das Lagens, um vasto território que compreende vários municípios de Santa Catarina, originalmente pertencia à Espanha, consoante o Tratado de Tordesilhas, firmado em 1494, entre Espanhóis e Portugueses, sob a inspiração do Papa Alexandre VI; nascido na Espanha, que dividiu o mundo Ocidental entre os dois Países da Península Ibérica. As terras que ficassem situadas até uma distância de 370 léguas a Oeste do Cabo Verde (Costa Africana) pertenciam à Espanha. Sendo o Papa Espanhol, entregou ao seu País a “parte do leão”. Mais tarde, depois de descoberto o Brasil, constatou-se que a linha de Tordesilhas iria de Belém (Pará) até Laguna (Santa Catarina). Quase um estreito corredor. A maior parte do Brasil – e mais rica -, bem como toda a América Latina, seria território Espanhol. Nem Portugal tampouco a Espanha cumpriu integralmente o famigerado tratado, modificado por ajustes posteriores. De qualquer forma, Portugal precisava ocupar a região de Lages SC, que poderia ser reivindicada pelos Castelhanos. Os campos de Lages pertenciam à Capitania de São Paulo, que atingia o Rio Pelotas e dividia a Capitania de Santa Catarina mais ou menos no Tributo, perto de Bom Retiro. Correia Pinto assumiu o compromisso de fundar o povoado na região de Lages SC. Aos 22 de Novembro de 1766, dá início a uma nova povoação sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres das Lajens. A 22 de Maio de 1771, é elevada a categoria de Vila. Somente por Alvará Real de 09 de Setembro de 1820, Lages passou a pertencer à Capitania de Santa Catarina. A 25 de Maio de 1860 é elevada a categoria de cidade chamada de Campos de Lajens devida à abundância de Pedra Laje (arenito) em certos pontos da região. Em 1960, pôr decreto assinado pelo Sr. Prefeito Vidal Ramos Júnior ficou estabelecido o topônimo de Lages com *G*. Lages foi colonizada por Paulistas e Espanhóis.

O município apresenta como ponto forte em belezas naturais, os campos.
Geograficamente, Lages SC é privilegiada pela natureza e pelo clima. As coxilhas despontam um potencial turístico, fundamental ao turismo no meio rural.
Em alguns locais encontram-se formações rochosas areníticas de formas exóticas e curiosas que contribuem para o embelezamento da paisagem.
O ar puro e agradável provoca bem estar e restaura o stress urbano.
Um fator relevante é que Lages está localizada num ponto estratégico, identificado como corredor turístico (BR 116 /BR 282).
No aspecto cultural, além de ser o centro universitário da região, Lages tem uma longa história, que vem desde os tropeiros gaúchos que colonizaram a região. E essa história é cultuada por seu povo, que mantém viva as tradições através do folclore regionalista, da comida campeira, no jeito de vestir e em muitas festas que são realizadas ao longo de todo ano. A maior delas, a Festa Nacional do Pinhão, realizada no mês de junho, atrai mais de 300 mil turistas.
Conhecida como a Capital Nacional do Turismo Rural, conta com inúmeros hotéis fazenda que dispõe de todo conforto, bons serviços, incluindo estrutura para eventos. Realiza também no mês de outubro a EXPOLAGES, maior feira agropecuária do planalto catarinense.
A maior delas, a Festa Nacional do Pinhão, realizada no mês de junho, atrai mais de 300 mil turistas.
É uma região muito bonita que merece ser visitada, não apenas pela beleza de suas paisagens e patrimônio histórico, mas principalmente pela hospitalidade encantadora de sua gente.
POPULAÇÃO: 165.068 Habitantes
URBANA: 152.880 Habitantes
RURAL: 4.086 Habitantes
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 16.01hab/km2
TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL: 1,38
ÁREA: 2.651,4 km2
ÁREA URBANA: 222,4 Km2
ÁREA RURAL: 2.429 Km2
ALTITUDE: 916 m
LATITUDE: 27″ e 48″ 58 min. sul
LONGITUDE: 59,19″ e 34″ min. oeste
CLIMA: subtropical
TEMPERATURA MÉDIA ANUAL: 15,6º
PRECIP. PLUVIOM.: 1.479,48 anual
UMIDADE RELATIVA DO AR ANUAL: 80.03%
FERIADO MUNICIPAL: 15/Agosto
CEP.: 88.500-000 – DDD: (0xx49)
CORRENTE ELÉTRICA: 220 Volts

PONTO MAIS ELEVADO
1.200 metros no Morro do Tributo

CLIMA
Mesotérmico úmido, sem estação seca.
Clima chuvoso, com invernos e verões brandos. A precipitação do mês mais seco é maior que a precipitação do mês mais chuvoso, e a temperatura média anual 15,60C.
A temperatura média do mês mais frio se situa entre 3º e 180C

RIOS QUE CORTAM O MUNICÍPIO
Caveiras, Rio LavaTudo, Pelotinhas, Pelotas e Canoas.
Rios Urbanos: Passo Fundo, Carahá, Caveiras e Ponte Grande